Com edição de DNA, cientistas curam doença cardíaca em embriões
A técnica CRISPR-Cas9, já usada na China, foi aplicada no ser humano pela primeira vez em solo americano – e "consertou" o DNA de 56% dos embriões testados
A técnica CRISPR-Cas9, já usada na China, foi aplicada no ser humano pela primeira vez em solo americano – e "consertou" o DNA de 56% dos embriões testados
Pela primeira vez em solo norte-americano, cientistas usaram a técnica de edição genética CRISPR-Cas9 para modificar embriões humanos. O objetivo era corrigir uma mutação no gene MYBPC3, responsável por uma doença chamada cardiomiopatia hipertrófica.
Os embriões serão descartados: a legislação da maior parte dos países proíbe a gestação de bebês geneticamente modificados. Mas o sucesso no laboratório é um marco histórico para a medicina.
Para gerar os embriões usados no experimento, a equipe de Hong Ma, da Universidade de Ciência e Saúde de Oregon, nos EUA, uniu óvulos saudáveis aos espermatozoides de um homem que tem a doença.
Em uma situação normal, com pai doente e mãe saudável, 50% das crianças dessa relação nasceriam com o problema no coração. Aplicando a técnica de edição de DNA o mais cedo possível, durante a fertilização, os cientistas conseguiram curar 42 dos 58 embriões. Caso essas gestações fossem levadas para frente, portanto, 72% dos bebês nasceriam saudáveis, e só 28% teriam a doença – uma queda de 22%. Os resultados foram publicados na Nature na última quarta (2).
A cardiomiopatia hipertrófica afeta uma em cada 500 pessoas, e é a principal causa de morte repentina entre atletas jovens.
“Esses resultados são muito bons, é um grande avanço”, afirmou ao The Guardian Richard Hynes, geneticista do MIT que não participou do estudo. “Isso traz a técnica de edição genética mais perto dos testes clínicos, mas ainda há muito trabalho a ser feito.”
Os autores do estudo concordam. “Ainda há barreiras regulatórias demais nos EUA para sequer começar a considerar uma gestação. O público terá muito tempo para pensar se isso deve mesmo ocorrer”, afirmou Alta Charo ao New York Times. “Qualquer experimento que vise uma gravidez precisaria de aprovação da FDA [equivalente da Anvisa], e a agência não é autorizada a receber pedidos desse tipo.”
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